quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Carta para nós dois

Vivência, 24 de Outubro de 1949

Eu, um tipo de ser humano complicado. Eu, que outro dia era sua. Eu, que não sei se irei suportar a saudade que derruba meu corpo inteiro no chão, em cima das cartas que eram para você.

“as suas cores no seu olho tão de perto” – uma tal de Priscila

Parece ser estranho escrever ao mesmo tempo para nós dois, amor que se foi. É estranho, é lindo, é perfeito... Mas não é a mesma coisa sem você aqui, Rubens. Eu perdi nesse jogo. Um jogo que nem ao menos tinha começado direito.

“i will ignorin you...” – Priscila mais uma vez

Não quero ignora-lo, amor. Queria tentar. Arriscar? Quem sabe... Mas arriscando é muito perigoso. Além do mais só tenho 15 anos, não é? Por que só tentamos poucas vezes nos tocar? Acho que você nem tanto. Mas juro como eu tentei.

“se eu não me vigio um instante, me transporto pra perto de você” – a Priscila
“e eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é” – ela outra vez

Mas você é apenas um morto, Rubens. É apenas uma nova estrela no meu mundo de sonhos... no meu céu.

“e o tempo é só meu e ninguém registra a cena
De repente vira um filme todo em câmera lenta”...

Para nós dois, acho que ainda virão várias outras canções. Para nós dois, o tempo tornou-se tão carregado depois de sua partida... E agora mesmo chove lá fora... Mas porque cai tão lentamente? Cai logo de pressa, Rubens!

Certo. O certo é que tenho uma pergunta para fazer-te: quando você vai estar sentado na janela do meu quarto para me levar contigo? Quando vou poder sair dessa tragédia, e entrar no teu mundo um tanto quanto mágico? Quando vou conseguir tirar você da cabeça, mesmo que não funcione, mesmo não querendo?

Não, não, não! Não Rubens! Eu estou só agora... Eu estou sem você, meu amigo. Eu estou sem o meu ombro-amigo. Estou quase pulando desse barco torto. Não há nada que possa me impedir de fazer! Por que você não me toma?

Com muita, mas muita saudade mesmo,

Guilhermina – tua sempre Gui

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Segunda carta à morte

Vivência, 24 de Outubro de 1949

Bom tempo, dona morte. Depois de duas semanas ao ter escrito minha primeira carta à sua existência, um tanto enigmática, volto a refletir sobre você e outras coisas que me aconteceram. Dias esquisitos, diga-se de passagem, e bem infernais.

Não tenho mais o meu amigo Rubens por perto para dividirmos “conhecimento”. Você levou mesmo ele para longe dos meus braços, não é, sua feia?! Você me deve explicações!

Eu não gosto de você, sua malvada! Eu sinto nojo da sua existência em nossas vidas! Eu sei que chegará o dia em que irei passar por isso, mas não seria melhor eu ficar sem saber? Ficar sem ouvir ou ter você dizer: “chegará o dia em que você também passará por isso, menina inteligente”? Apenas quero saber porque tu existes. Saber o porque de suas ações. Que merda!

Eu faço mal a você com minhas perguntinhas. Tenho certeza disso. Melhor eu esquecer? Melhor eu não mais te ver? Não chorar mais por você?

Domingo passado sai para caminhar com o Otávio, Aninha e a Maria Clara no rio onde brincamos a última vez com o Pedrinho. Senti um frio tão intenso, que por uns minutos podia estar na Noruega, Groenlândia, Alaska! Sabia que ele estava ali comigo... E isso me fez lembrar de quando saímos para colher acerolas em um sítio do tio dele perto do mesmo rio. Posso confessar: nosso primeiro beijo foi dado dentro do pé de acerola! Hahaha... Foi tão lindo, tão perfeito... Tinha gosto, lógico, de acerola. Loucura! Gostosura! Pareço ser atrevida, não é? Mas não sou, ow!

Agora percebo que estou tratando você como uma amiga. Isso mesmo. Amiga CONFIDENCIAL. Nem a Aninha e a Maria Clara sabem disso. Bem, elas desconfiavam. E ainda desconfiam. Mas eu não ligo. Só não me sinto a vontade para falar isso.

Então, queria receber respostas tuas... Senão vou acabar pirando. [ fazendo cara de menina triste ]

*ah, sobre a epidemia que você relatou para mim na sua primeira carta, sinto muito. Tenho dó dos londrinos daquela época.

Com fidelidade,

Guilhermina – uma menina bastante complicada

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Carta à menina do mundo da saudade

Londres, 11 de Agosto de 1665

Oi, Guilhermina. Estou em uma das ruas de Londres levando algumas pessoas para morar junto ao cemitério sombrio, como você descreveu-o. A epidemia foi transmitida por uma bactéria da pulga dos ratos contaminados. E muita, mas muita gente mesmo, ficou espalhada pelas ruas da capital inglesa. Tenho até pena desses pobres coitados... Eu venho aqui na maior cara-de-pau e levo-os para descansarem em paz no começo de uma outra vida. Chegará o dia quem que você também passará por isso, menina inteligente.

Quero responder suas perguntas, mas vamos com calma, porque estou cheia de trabalhos a fazer. São muitos corpos pra dar conta aqui, Guilhermina. Segundo minhas amigas de trabalho, já tem quase 60.000 mortos! Fora os que estão do outro lado da cidade.

Aqui tá um verdadeiro caos. Portas de comércio fechadas, pessoas passando longe umas das outras. E nessa hora eu rio: elas não perdem por esperar. Que pena. Vou levá-las!

Querida, você nunca me fez nada de mal. Tirando essas perguntinhas chatas... “por que isso?”, “porque aquilo?”. Mas entendo seu lado questionador. Esse poeta que surge nos anos 2000 tá certíssimo quanto ao verso que você citou. É o que a maioria dos grandes pensadores, assim como você, faz. Enxergam além de tudo pra ver se eu existo, como sou, para onde levo as pessoas... Não tenha medo, Gui – vou lhe chamar assim.

Quanto àquela menina dos livros, ela é uma pirralhinha bem legal, sabe?! Ela realmente viveu intensamente os anos de guerra. “Tinha” um amigo judeu no porão de sua casa. Teve um grande amiguinho que morreu em meio à guerra. Ah, infelizmente levei comigo seu irmãozinho de oito anos. E como, como ela roubou livros!! Essa história não será mais bela se eu ficar aqui contando-a para você, Gui. Quando você for vovózinha, terás a oportunidade de ler o tal livro.

Desculpe ser tão direta contigo, mas é que tenho de dar continuidade ao meu trabalho físico, sentimental e espiritual. Os londrinos me esperam...

Com amargo,

Morte – que tudo sabe, que tudo destrói, que trás dor.

domingo, 14 de outubro de 2007

Grandão & Cabeção



Há!

Duas pessoas loucas, com algo em comum: amizade.

Duas pessoas chatas, com algo em comum: amizade.

Já recebi tua ajuda tantas vezes, hein cabeçãozão?! E os juros só aumentando... Hahahaha...

Tô aqui de frente pro PC, e bateu uma vontade de falar algo pra você, ou sei lá... pra qualquer um que leia esse blog e conheça a gente. O epígono que sempre fala desse "cabeção".

Até a Carolzinha disse uma vez: "marcar uma sessão de cineminha ai, pow. Você e SEU cabeção".

Hahahhahahaha... "meu cabeção"? Não, não, não! Cabeção da Deh!

=P

Saudades de você...



quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Carta à morte

Vivência, 09 de Outubro de 1949

Meu nome é Guilhermina, chamam-me de Gui, e tenho algumas dúvidas quanto a sua existência. Não sei onde estás nesse exato momento. Deve estar em qualquer esquina matando os seres humanos de fome. Ou melhor, a fome tá matando... Você apenas transporta-os para a nova vida. Deve tá levando aqueles que foram bombardeados nos campos onde concentra-se a ação. Ou quem sabe, deve estar dormindo nos túmulos sujos de cada cemitério sombrio.

Faz duas semanas que perdi um dos meus melhores amigos num rio próximo a minha casa. Eu não estava com ele na hora. Tinha acabado de sair do nosso passeio junto ao Rubens, Otávio, Aninha e Maria Clara. Éramos seis “crianças” curtindo um fim de semana depois de 5 dias de aula. Não recebi a notícia da morte do meu amigo, Pedrinho, no mesmo dia. Eu era a mais próxima dele. Acharam melhor contar o ocorrido no dia seguinte, uma hora antes de seu velório.

Sabe morte, eu tenho medo de deixar meus amigos, familiares e esse mundo que tem tanta coisa pra me mostrar ainda. Quero saber porque você vem de repente e leva alguém tão especial para longe de mim. O que eu te fiz? Eu nem se quer chamo você... Não é a primeira vez que isso acontece, nem muito menos será a última vez. Disso eu tenho certeza. Posso até estar enganada, não é?

Por que você levou tanta gente agora no término dessa Segunda Guerra Mundial? Eu fiquei sabendo em partes desse fato histórico. Quando chegava alguma notícia no rádio da minha casa, meus pais pediam pra eu sair e ir brincar com meus amigos. Mas não adiantava. O pai do Rubens trabalhava nas forças armadas, e lá ele colhia várias informações a respeito da guerra. O Rubens, que gostava de histórias de guerra, contava-nos quase tudo. Meu avô, você também o levou para longe de mim. Isso mesmo. Você sabe onde pegou, não é? Às vezes penso que nem um poeta dos anos 2000:

“E isto é tão sem norte...
..mas tanto, que persigo, evoco, dou fé,
só pra ver se existe.”. - Cândido

Eu estou com meus exatos 15 anos, e sinto-me uma criança ainda em meio a tudo que tem acontecido na minha vida. Por outro lado olho, e entro em contradição. Acho que já sou tão adulta quanto meu irmãozinho de 8 anos.

Por favor, morte, conte-me o porque das suas ações. Não esconda nada. Eu soube de uma coisa: você conhece a história de uma menina que roubava livros? Bem, o meu avô contou isso numa carta que enviou-me da Alemanha. Ele disse que essa menina viveu intensamente essa segunda guerra, assim como eu. É verdade?

Com ódio,

Guilhermina Rodrigues – a louca no mundo da saudade


[ um pouco de inspiração no livro do Markus Suzak ]

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Parabéns

Hoje não é um dia qualquer na minha vida... Não posso escrever muito porque estou prestes a sair do trampo. Mas quero parabenizar duas pessoas:

° uma tia;
° um amor.

Amo os dois. Muitas felicidades, minha tia.

Muitíssimas felicidades para o meu amor. Aquele amor que sempre sabe me deixar feliz com um sorriso, um beijo, uma conversa, um olhar... Por onde andarás agora? No mundo dos, "poeticamente falando", artistas da escrita? Ah,...

11 months!

=)~

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Recordações, e nada mais

Hoje eu parei. Hoje eu chorei mais uma vez. E já perdi as contas de quantas vezes abri minha boca para falar que nunca mais iria chorar. Hoje eu ri com uma pessoa que me deixa feliz sempre. Ontem eu sorri muito com outra pessoa que me deixa feliz. Mas o que eu preciso mudar, a esta altura do campeonato? O meu nome não é tão importante assim nessa minha declaração, talvez, final. Nem muito menos, meus pensamentos não devem ser importantes pra você. E nós dois devemos saber a causa.

Eu imaginei por vários dias que tudo aquilo iria passar. Porém, ao menos tempo eu contava nos dedos as vezes que fiquei imaginando como seria bom que todo o conto de fada não acabasse. O que você deu-me em troca? “Eu também gosto de ti”? Olha, confesso: eu rio com essas suas afirmações e consolações.

São apenas recordações, e nada mais. São apenas palavras que voam longe do meu mundo poeticamente incorreto. E vivo nessa escravocracia dos pensamentos... Que tão longe viajam e tão perto não pousam.

Você tem um tempo pra mim? Ouve-me na madrugada, quando todos estiverem dormindo. Ouve-me quando você achar que nem tem sentido algumas coisas dessa nossa vida tão fajuta. Porque é assim que ela é. Quem sabe, o mundo dê várias, e várias voltas e não chegue onde eu quero. Quem sabe nem exista o que eu quero. São apenas recordações, e nada mais.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

A Menina Que Roubava Livros


Ao ver este livro em tudo quanto é site de vendas de livros, cds, em alguns blogs, primeiro colocado na revista "Veja", eu achei que não passava de mais um "livreto popular". Mas, acabei me enganando quando terminei de lê-lo no começo desta tarde de sexta-feira aqui na empresa onde trabalho.

A tal Liesel Meminger, era um pouco chata no início até quase perto da metade do livro. ( na minha visão) Ou podia ser que por eu estar tão cansado do dia, e chegava a noite - antes de começar minha aula do cursinho de vestibular - eu começava a ler, a leitura tornava-se cansativa. Não. Ai é que tá! Assim que acabava um capítulo eu já começava o outro. Essa menina dá força pro leitor continuar com sua viagem pelo "mundo da
morte", diga-se de passagem. Vivendo lindos momentos com seu amigo judeu Max, que vivia dentro do porão da casa da roubadora de livros escondido do "Füher", Liesel roubou várias, e várias vezes livros fantásticos como: O Manual do Coveiro (no dia do enterro do seu irmão), O Dar de Ombros, O Assobiador...

A menina viveu sua vida de roubadora em tempo de guerra. Quando o senhor Hitler queria fazer todo o mundo um só, matando vários judeus em campo de concentração e até mesmo em pensamento.

Realmente o livro me surpreendeu no final. Eu não esperava algumas coisinhas. Eu chorei com palavras simples, mas palavras que tocam de verdade o coração de alguns leitores "chorões" como eu. Vale muito a pena ler!




Ela :


"Os seres humanos me assombram" .... E como assombram!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Boca Grande

"Por que ter medo da morte? Enquanto somos, a morte não existe, e quando ela passa a existir, nós deixamos de ser.

Não precisamos temer os deuses, não precisamos nos preocupar com a morte. É fácil alcançar o bem. É fácil suportar o que nos amedronta." - Epicureus


Pequeno trecho existente em O Mundo de Sofia.

Obrigado senhor Jostein.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Lá lá acolá

E ter aqui, ter acolá... Ter acolá e aqui...
Ao mesmo tempo sentindo..
Ao mesmo tempo amando...
Brigar, agarrar, segurar e beijar...
Aqui, bem aqui aqui acolá...
Vendo teu beijo e teu olhar..
Não é.. e é.. não é.. e é. aqui acolá..
Que tens a poesia do amar...
Bem aqui, bem ali ali aqui acolá..
Onde eu te devoro...E você me estima...
Onde nós amamos.. e vivemos juntos...
Aqui, sempre aqui.. bem aqui, e não acolá.
!