quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ka, 20 de outubro de 2010

Eu estou há dois dias sentindo falta de uma ligação. Eu estou buscando me fortalecer em melodias. Busco conhecimento nos livros da universidade ou nos que estão na estante da minha casa. Nada me interessa. Pouco me interessa. Muito é o que quero. Desejo corporal é o que tenho sentido a todo minuto do meu dia. Sexualidade é a qualidade do meu espírito nestes dias quentes e frios.

Ando para o trabalho, ando para a faculdade, ando para casa e me canso. As conexões dizem respeito aos nossos sentidos, as coisas boas e desejáveis. Dores de cabeça chegam sempre às 22:30. Encontro-me no ápice da minha boa vontade. Chego a pensar que vivo em um mundo kantiano. E as coisas ao meu redor não promovem, nem realizam aptidão para que eu alcance a felicidade.

Eu fico olhando para elas, para eles e imagino-me com um deles na minha cama, no meu íntimo perfeito. Restrinjo-me ao pecado da carne, ao autodomínio da paixão, ao que não faz sentido algum.

É estranho, porque eu posso e tenho toda a liberdade para realizar esses desejos. Mas quero alguém. Quero alguém que ultrapasse os meus princípios, as minhas virtudes, que inspire-me à loucura. Quero alguém que declare-se louco e dócil. Quero alguém que faça-me surpresas com as pequenas coisas.

E tão cedo suspiro, e tão cedo filosofo...

Quero alguém que me tome por completa. Quero alguém que possa olhar para mim e olhe-me com desejo. Quero que aperte as minhas coxas, meus braços, meus peitos macios. Quero alguém que sorria para mim e diga o quanto é bom passar um dia de sábado e domingo fazendo sexo, amor e vendo filme. Quero um corpo em cima do meu. Quero alguém que me deixe completamente mulher.

E se quiser chamar de puta, que chame com ardor, com prazer!

Não posso ir ao supermercado e comprar uma garrafa de vinho. Não posso tomar só, nem tentar conviver com a idéia de solidão. Porque preciso de um outro alguém para poder viver na utopia da liberdade de amar e dividir algo com esse alguém. Não posso me embriagar por não ter motivos à festejar. Não posso cheirar a álcool diante do desejo. Não posso, não gosto, não quero.

Quero o domínio de uma mulher, de um homem, de um animal selvagem. Quero a boca, a saliva, os dentes... Quero o peito, a barriga, quero o órgão, quero as pernas, o calcanhar. Quero abraçar e sentir o calor fervendo do corpo em contato com o meu. Quero um homem. Quero uma mulher. Quero a liberdade: sem sexo, sem cor, sem rancor. Quero a vontade do macho, da fêmea.

Ilustrando todas as causas e padrões culturais ao redor, tão somente lanço uma proposta chocando os objetos humanos e materiais. Deveria eu ser cega às tentações. Deveria jurar diante do padre, do pastor, quiçá do papa. Não posso ter tudo agora. Não posso realizar as minhas fantasias, os meus erotismos conscientes não-delinquentes.

Ao chegar em casa, farei o mesmo que fiz na noite anterior: tomar banho, tirar todas as impurezas adquiridas durante o dia, ir dormir, entregando-me aos sonhos. E sei que os mesmos são reveladores. Sei que algo apaixonante mudará os meus toques...

Sinto o meu peito endurecer acompanhando as batidas do coração e o tremor das minhas pernas.

Sinto. E apenas só eu sinto...

... Uma vontade de gozar.

Meu nome é Karina, e essas foram as minhas ilusões. Desculpe-me a grosseria, se é que apareceram nas linhas.