terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Encontro

França, 01 de fevereiro de 2012

Eu desci do ônibus e fui encontrar com a minha amiga, que eu não via há 15 meses. Foi um abraço forte, demorado. Ainda não era a minha paz de espírito. Eu pensei que tivesse esquecido os meus medicamentos, os papéis que escrevi durante todo este tempo, os presentes, o desejo.

Caminhamos até o apartamento onde todos moravam. Conversamos sobre o tempo, sobre o amor, sobre a paixão, sobre a viagem inesquecível que tive da minha terra até ali. Eu perguntei se não seria vergonhoso gritar em frente ao prédio para que todos vissem quem estava embaixo para agradar o outro. Claro que ela ficou do meu lado!

Na verdade, ela subiu até o andar onde os meninos moravam, e disse que tinha um louco fazendo escândalo na rua em frente ao prédio. Será que ele imaginava que eu estaria ali embaixo? Quer dizer, será que imaginava que eu estaria naquele país?! Naquela hora? Não. Não imaginava. Porque eu tinha contado que minha viagem não ia dar certo, por motivos financeiros.
Mas eu estava lá. E eu estava com a melhor roupa, com o melhor perfume. O coração batia tão rápido. Desde quando embarquei no Brasil, eu sentia o meu corpo tremer. Eu estava ansioso para vê-lo. O Pedro tinha ido para a França trabalhar como correspondente de um jornal brasileiro. Tinha ido há um ano, e não tinha outra saída. Era a profissão dele. Ele tinha acabado de se formar e foi chamado para trabalhar nesse jornal do Brasil, porém a surpresa foi ainda maior quando soube que teria que passar 3 anos como correspondente no país de Bonaparte.

Enquanto eu esperava a minha amiga ir até o apartamento dele para dizer que eu estava lá, tirei o cartaz que tinha feito ainda no Brasil, com a frase “Olha meu amor, estou aqui! Amo você. Desce e vem me ver!”. A minha amiga, Clarice, apareceu na janela do quarto dele, e acenou para mim dizendo que ele ia aparecer na janela em instantes. O meu coração acelerou ainda mais. Eu quem estava fazendo a surpresa e eu quem estava nervosíssimo!

Então ele apareceu na janela. Mas ainda não tinha olhado para o lado que eu estava. Demorou cerca de 2 minutos, até que a Clarice apontou pra mim! Ele gritou! Ele deu pulos lá da varanda! Corri pra porta do prédio e ele abriu o portão se tremendo, enquanto a Clarice dizia “eita que felicidade!”...

Abraçamo-nos. Beijamo-nos. Abraçamo-nos. Beijamo-nos. Por diversas vezes... As frases “meu amor”, “eu te amo”, “como eu estou feliz” ecoavam a todo instante.

Passamos por tanta coisa durante essa distância. Mas estávamos ali... Juntos! Levei um livro de Fernando Pessoa que o meu pai tinha comprado para presenteá-lo e, claro, uma camiseta de manga longa que a minha mãe tinha comprado na semana anterior à minha viagem. Fora os outros presentes dos familiares e de alguns amigos. Ele apenas sorria para mim, como um namorado bobo! A Clarice chorou como uma criança. Ainda me abraçou por diversas vezes e queria muito que uma menina fizesse o mesmo por ela. Porém, ela sabia que ainda iria aparecer uma pessoa especial e mudaria sua vida.

Nas duas primeiras noites festejamos com todos a minha chegada. Saímos para beber em alguns barezinhos e fomos a algumas discotecas. Rimos muito, tiramos muitas fotos. Era uma turma grande! Os franceses que conheci, todos simpáticos. Todos brincalhões. Incrível... E já recebi um convite de um deles. Ficar por um tempo em Paris trabalhando com um deles em uma agência de fotografia. Os meus sonhos estavam se realizando. Demorei a acordar...

O encontro – entre eu e ele – foi maravilhoso. Dormimos abraçados todas as noites durante um mês. Sorrimos, beijamo-nos... Toquei o corpo dele como sempre quis fazer desde quando ele tinha ido embora. Tivemos noites lindas de prazer, de emoção, de felicidade. Não sabia ao certo o que o futuro nos reservava. Tínhamos os nossos planos: os reais e até mesmo os infantis. Por hora, passou por nossa cabeça em não voltarmos para o Brasil. Tínhamos muita beleza ali. Tínhamos trabalho. Tínhamos amizades lindas – não esquecendo da nossa família e amigos brasileiros.

Estávamos apenas decidindo... Sonhando... Encontrando... Formas de viver intensamente esse amor.

Tem sido assim...