quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Alusão ao Demônio

São 11:00 de Terça-Feira. Estou calado dentro dessa sala. Quatro paredes envolvem o meu corpo. O pensamento e as batidas do coração começam a acelerar. Guio-me para outro caminho. Aponto os desejos ardentes do corpo.

Eu ouço o barulho fatídico do Ar-Condicionado. Gela os meus ossos, minha pele, minha angústia dilacerada. Carrego ao lado, um aparelho telefônico. Mas ninguém liga. Ninguém se explica. Ninguém duvida.

Por um instante eu o olhei saindo da sala de reunião. Vi um homem bem trajado, com sorriso intelectual no rosto. Ouvia as conversas alheias ao meu lado, mas mesmo prestando atenção à elas, eu admirava aquele homem bonito. Ele tinha uma pele branca como os travesseiros que estão postos sobre a cama. Ele olhou para mim.

Eu o vi olhando em minha direção. Senti um calafrio. O meu corpo tremeu de surpresa. Eu queria fugir. Não gostei da sensação de ser olhado com desejo por outro homem. Eu apenas tinha olhado-o sair da sala. Nada mais que isso. Porém, como um bebê que é surpreendido pelas atrocidades do ser humano alheio, fiquei paralisado na minha cadeira.

Estávamos em sintonia. Estávamos nos olhando como um casal, que antes do início do relacionamento, paqueram-se em todos os lugares que se encontram.

Eu não queria sentir aquilo. Aquela correria do coração.

Eu queria sentir aquilo. Aquela correria do coração.

Ele era um homem casado. Bem vivido. Tinha um dos melhores empregos do mundo. Prezava pela sua família. E mesmo assim, mesmo sabendo do comportamento acadêmico, familiar e conjugal que ele possuía, derretia-se me flertando. E eu caia nos olhares dele. Ou eu era bobo, ou era homossexual, ou apenas fiquei pasmo com aquela sensação.

Tenho um filho de 7 anos. Ele apresenta características homossexuais. Deus me livre do pecado, mas desejo que o meu filho não venha se tornar um gay. Sentir-se atraído por outro homem, ainda mais nos dias de hoje, quando todos sabem da sua vida, é um martírio! É declarar-se morto pela sociedade. E desejo, ainda mais, que o meu bom Deus livre-me dos pensamentos alheios do demônio. Esse pecado deve ter uma solução num dia próximo. São sentidos do corpo que aguçam sem um “porque” real.

E ainda sabendo de tudo isso, pergunto-me COMO, SANTO DEUS, COMO POSSO SENTIR ISSO QUANDO VEJO ESSE HOMEM!

Misericórdia!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Eles

Eu estava dentro de um ônibus mais uma vez. Eu ia pagar uma conta de internet, e comprar um presente para o meu pai. Lembrei-me do tempo em que papai fazia-me surpresas com aqueles presentes inusitados. Ou, quando passeava comigo por várias livrarias, sebos, ou levava-me à universidade para assistir suas aulas sobre cálculos químicos. Sim, claro, também lembrei de suas poesias aos meus ouvidos, e ensinamentos sobre a vida. Fez-me homem. Homem sem pilhérias. (As pessoas SÃS, sabem que pilhérias são estas) E desta forma, fui pego pelas orelhas. Ouvi atentamente a conversa daqueles...

- Diz aê, galado! [ele passa pela roleta e senta-se ao lado do “amigo”]
- Faaaaaala, véi!
- Esse hômi vai pra onde?
- Bicho, vou lá pra casa de Anninha. [sorriso de playboy]
- Tô ligado... [olhar desconfiado]... Vai dar uma calibrada, né mané?
- Qué isso, boy! [gargalhada]
- Vai naaaada! Que bicho galado!
- Ei, viado, olha essas conversa aí, pô. [rindo]
- Tirando onda, pow..
- Tss...
- E esse hômi? Tá fazendo UFRN?
- Nada, pow. Tô lá na UnP.
- Sério, bicho? E tu num tinha feito vestiba não?
- Hômi, eu fiz, tá ligado? Mais nem passei na segunda fase, boy.
- Tô ligado... E tu tá fazendo o que na UnP?
- Infermagem.
- Caraio, boy! Curso de viado, boy! [gargalhada]
- Sai daí, fresco. É paw, pow. Só doidinha gata.
- Kkkkkk! Ei, bicho, pelo menos a empregada lá de casa faz. E tu sabe, feia pá caraio! [gargalhada]
- Tô ligaaado, véi! Eu vi ela semana passada lá, pô. Reconheci na moral, mais nem falei. Esse hômi já cumeu ela, né?
- Cumi, pow. [gargalhada] Boa toda. Bundinha da porra.
- Esse hômi é o cara!
- Pode crê... Num sou que nem meu irmão que tem 15 anos e ainda nem cumeu nenhuma doidinha. Bicho, um monte de gata lá do colégio dele. Maria Fernanda, Catarina Araujo, irmã de Isabele... ta ligado? Só doidinha fuderosa e o galadinho num pega. Tô achando que aquele bói queima uma escondido na net, tá ligado? [gargalhada]
- Caraio, bicho... [gargalhada]
- Ei, galado, vô descê agora! Falow! [batem as palmas das mãos, e com a mão fechada, batem com as costas dos dedos]

Que conversa boa. Instigante! Diálogo interessante. Vocabulário novo. O “ser” homem pode-se basear nisso. Isso é que é ser homem. Mostre-se “O COMEDOR”. Mostre-se como O mulherengo na frente dos outros. E rebaixe seus irmãos. É, porque senão, é capaz de você ser “fresco”.
Desci, então, no shopping para comprar o livro sobre maçonaria para o meu pai. Aproveitei o embalo da “pilhéria” do ônibus, e comprei um pocket de piadas. Desejo rir!

* escrito em 01 de setembro de 2009
** sim, há erros propositais de português

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First text: Elas. Enjoy it! =)