quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um singelo desabafo.

Foto: Meus chinelos. Por Nobre Epígono


Eu estava em estado de choque. Mesmo paralisado pelos absurdos que a vida, tão bela vida, nos traz, estava com o coração acelerado. Não sabia o que fazer. Simplesmente, eu apenas olhava em direção a palavra que saia de sua boca. Mordia-me por dentro com ódio daquela situação. Poderia não escrever mais. Poderia não mais olhar para a sua cara. Poderia, enfim, esnobá-lo.

Mas não. Eu não sou assim. Eu não fiz assim. Eu calcei os meus chinelos, vesti minha calça jeans, pus uma camisa listrada de manga longa azul com branco, e fui caminhar no calçadão da praia. Não reconhecia aqueles rostos. O brilho das ondas do mar não era mais intenso. Algo estava acabado. Algo tinha estragado aquela perfeição da natureza. Eu tinha forças, não sei de onde, mas as tinha.

Eu precisava, naquela hora, de alguém diferente para me acolher. Para me sentir seguro. Tinha duas amigas. Elas me acolheram. Deram-me carinho, deram-me ouvidos. Deram-me paciência, deram-me palavras. Deram-me seus ombros. Tenho um espírito que não se rebaixa. Ele se entristece, demais até, mas não se rebaixa. É preciso estar de pé e de queixo erguido. Mesmo que nada funcione, é preciso sentir e estar assim. E juro, queria muito não decepcionar você e vocês. Queria mais ainda, não receber calúnias e difamações. Não receber uma espada nas costas, como os antigos cavaleiros cavalheiros recebiam de seus próprios “amigos”.

E continuo a caminhar. Continuo tentando entender o que há em mim. Não me acho “bonzinho”. Não me acho esperto demais. Acho que tenho, eu disse “acho”, uma fidelidade para com você. Ou melhor, para comigo. Esqueça o que disse! Tenho um espírito passivo a certas situações constrangedoras. Ou é bom, ou é ruim.

E continuo a caminhar. Continuo deixando marcas no seu corpo. Continuo perdoando as traições, a falta de respeito, as mentiras persistentes, a falsidade... Bem, perdoando tudo o que um ser humano não deve ter. Não mais deveria me surpreender com essas falhas alheias. Já passei por outras... Piores, ou não. Mas acabo me dando ao luxo de ser surpreendido. Pego de surpresa, como um ratinho é pego numa ratoeira.

Cheguei em casa e tirei meus chinelos. Tirei minha calça jeans, minha camisa listrada. Tirei minha cueca boxe branca. Despi-me. Eu precisava tomar um banho. Precisava esfriar muito mais minha cabeça. Precisava me recompor.

Eu acendi um insenso. Deitei na cama. Chorei por 15 minutos e adormeci.
Estou aqui. Tudo continua na mesma.
Estou sozinho.
Sozinho.
Só.

Declarado por Nobre Epígono (sim, eu mesmo). Em 27 de maio de 2009.

8 comentários:

Sentimental ♥ disse...

'engraçado' é q sabemos como as coisas acontecem e nos surpreendemos como se fosse a primeira vez... melhoras.
bjs

Vanessa Cristina disse...

Já me vi assim, a andar sem destino com palavras soltas dançando em minha mente. E sempre depois de andar e andar, me sento no chão do meu quarto e me recolho dentro de mim. As vezes, tudo o que a solidão quer é um tempo para si, para expandir-se e depois dissipar-se...


Eu que agradeço a sua visita e espero que volte.
Voltarei sempre.

Beeijo

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

O amor às vezes é assim: pega a gente no braço, joga pra cima e esquece de ficar embaixo pra segurar de novo.
Esse é o momento do acerto consigo mesmo, de reajustar a distância entre os corações e deixar toda essa dor sair, evaporar...
Não adianta pular etapas. Cada dia vai doer menos...
Abraços e boa sorte.

"E até os sorrisos têm dias largos e têm dias curtos.
Eu tenho os meus medos e por isso escrevo.
Escrevo para poder sair do escuro."

Eduardo Magalhães disse...

Um pouco de mim nisso tudo.
E só digo uma coisa... Nada disso é definitivo.
Há tempo para tudo meu caro nobre, eis algo que não cando de dizer por aí e em quem acredito piamente.
Há tempo para tudo!

Abraço grande!

Unknown disse...

Diga, caro Nobre. O texto é meu, escrito num post do mês de março. O título é "a envergadura de meus sorrisos".
Não há o que agradecer. Força sempre!

Luciano disse...

Ótima narrativa. Legal por aqui. Gostei do teu espaço.

Katita disse...

oi... puxa, achei demais o seu blog... gostei do conteúdo, das cartas, dos pedacinhos da musicas que eu tb gostei das fotos. Gostei de tudo! Você escreve tão bem... tem uma percepção bem aguçada das coisas ao seu redor.
Parabéns... Virei mais e mais vezes tá?
Abraço!