quarta-feira, 20 de maio de 2009

A amante e o rei.

Foto: cena de série americana The Tudors (sobre Henrique VIII)

Participo de um ato de amor entre duas pessoas. Maravilho-me com a delicadeza das palavras de Philippa Gregory. Mordo os lábios imaginando o tal ato. Sinto um frio na pele ao ler esta cena:


"O rei estava sentado diante do fogo, envolvido por um robe de veludo, adornado com pele. Ao ouvir a porta se abrir, levantou-se de um pulo.

Fiz uma reverência profunda.

- Mandou me chamar, Majestade?

Não conseguiu tirar os olhos de minha face.

- Mandei. E agradeço ter vindo. Queria ver... Queria falar... Queria ter um pouco... - interrompeu-se. - Eu queria você.

Aproximei-me um pouco mais. A essa distância ele poderia sentir o perfume de Ana, pensei. Joguei a cabeça e senti o peso do meu cabelo mudar de lado. Vi seus olhos irem do meu rosto ao meu cabelo, e ao meu rosto de novo. Ouvi a porta se fechar atrás de mim quando George saiu sem uma palavra. Henrique nem mesmo o viu sair.

- Sinto-me honrada, Majestade - murmurei.
Sacudiu a cabeça, não foi um gesto de impaciência, mas sim o gesto de um homem que não quer perder tempo.
- Quero você - disse de novo, o tom da voz sem se alterar, como se isso fosse tudo o que uma mulher precisasse saber. - Quero você, Maria Bolena.

Dei mais um pequeno passo na sua direção, inclinei-me para ele. Senti o calor de seu hálito e, depois, o toque de seus lábios em meu cabelo. Não me mexi, nem para a frente nem para trás.
- Maria - sussurrou ele, e a sua voz soou entrecortada de prazer.
- Majestade?
- Por favor, me chame de Henrique. Quero ouvir meu nome em sua boca.
- Henrique.
- Você não me quer? - sussurrou ele. - Como homem? Se eu fosse agricultor na terra de seu pai, você ia me querer? - Pôs a mão sob meu queixo e ergueu meu rosto para que pudesse olhar em meus olhos. Encontrei seu olhar azul. Cautelosamente, delicadamente, coloquei minha mão em seu rosto e senti a maciez de sua barba. Imediatamente ele fechou os olhos, virou o rosto e beijou minha mão.

- Sim - repliquei sem me importar que fosse tolice. Só conseguia imaginá-lo rei da Inglaterra. Ele não podia negar ser um rei assim como eu não podia negar ser uma Howard. - Se não fosse ninguém e eu não fosse ninguém, o amaria - sussurrei. - Se fosse um agricultor com um campo de lúpulos, eu o amaria. Se eu fosse uma garota que colhesse os lúpulos, me amaria?

Puxou-me para si, suas mãos quentes em meu corpete.

- Amaria - afirmou. - Eu a reconheceria em qualquer lugar como meu verdadeiro amor. Quem quer que eu fosse, quem quer que você fosse, a reconheceria imediatamente como o meu amor verdadeiro.

Baixou sua cabeça e me beijou, primeiro com doçura, depois mais forte, o toque quente de seus lábios. Então, me levou pela mão à sua cama com dossel, deitou-me e pôs seu rosto no alto dos meus seios, acima do corpete que Ana, prestimosamente, havia afrouxado para ele."

6 comentários:

Unknown disse...

Totalmente sinestésico!
Abraços

@candido_dan disse...

Belo texto!

O amor é isso...

:)

Eduardo Magalhães disse...

E quem nunca mordeu os lábios assistindo algo assim, ou ainda mais lendo.

Eis aí uma das coisas que nos fazem crer piamente que tudo isso existe.
Não existe?
Abraço forte caro nobre.

Vanessa Cristina disse...

The Thudors é realmente fantástica.
Quanto a cena, ganhou vida na minha imaginação... Achou que vou ler o livro.

Isa dora disse...

Eu quero ler *-*

Carolzinha disse...

Que cena belaaa!!!
Embasbaquei-me! =x

=**