segunda-feira, 23 de junho de 2008

o tempo com ou sem você

“Nas asas do amor a alma anseia por voar ‘para casa’, para o mundo das idéias. Ela quer ser libertada da ‘prisão do corpo’...” – Platão

São com essas palavras que começo o meu texto destinado a você. Você pode não ser mesmo VOCÊ que está lendo-me. Você pode ser qualquer um que, por natureza, habita no universo louco que fomos jogados para sermos pequenos, grandes e eternos personagens. Talvez não seja isso que eu quero falar neste exato momento. Talvez seja algo tão “normal” para você, que de nada irão adiantar as palavras digitadas aqui.

Eu quero me libertar das correntes que me prendem. Eu quero poder viver mais um pouco imaginando cada olhar seu, cada sorriso, cada coisa que você diz no dia em que estivermos a sós. Isso é tão pequeno diante de tantos outros desejos, ou sonhos. Ah, os sonhos... Eles vêm sem pedir licença, sem bater na minha porta. Se eu pudesse, eu tentaria não sonhar com tudo aquilo. O “aquilo” são seqüências de ações que um dia aconteceram ou poderão acontecer com nós. Mas só de pensar em não querer pensar em você, eu acabo pensando. Sinto que você está em sintonia comigo. Porém, isso não passa de uma ilusão da minha cabeça. Eu preciso parar de me preocupar contigo. Preciso parar de escrever textos e mais textos que levem meus pensamentos diretamente a você.

Não, não. Exatamente às três da manhã, escrevo isso. Na janela batem as luzes da lua oferecendo-me um caminho de volta para casa. Partículas de sentimentos mechem com o meu coração. Agora mesmo sinto uma vontade de ir deitar. Acalmar os neurônios. Mas quem disse que eles ficam um minuto sem pensar em você? Ou sem pensar em parar de pensar em tantas outras histórias?

Vivo um drama, uma alegria e uma recordação toda vez que resolvo escrever sobre você. “A história do pensamento é um drama de muitos atos”. E como!

Já tentei odiá-lo. Sim, apenas odiá-lo. Mas não deu certo. É preciso ter a constante interação dos opostos. O bem e o mal caminham juntos. São necessários ao homem. Você não presta, não presta, não presta e não presta!

- Eu não presto? Por que não?
- Sim, não presta. Porque faz com que eu me sinta assim... Em conflito.
- Quer que eu desapareça de sua vida?
- Por um tempo sim.
- Quanto tempo você esperaria?
- Esperaria até o meu coração sangrar de aflição.

Por que eu criei isso? Por que esse “você” vem na minha cara e diz essas e outras coisas? Não pense que esse texto foi para você. Não, não foi. Não, não é seu. É meu. Foi para mim. Para nós. Eu e a personagem. Não me adore. Não diga que gosta de mim. Não sinta o meu perfume. Não tente ouvir minha voz. Não tente conversar comigo. Não chore, não sorria para mim. Um dia isso pode passar. Apenas faça tudo isso por um tempo. Depois eu quero o contrário. Eu adoro o “você”. Eu adoro a “personagem”. Eu adoro os “capítulos”. Eu tenho medo dos finais. Eu tenho alegria nos olhos de pensar que você um dia será apenas mais uma personagem na minha vida de escritor.


[ ponto final. sem aplausos. Sem alegrias. Sem risos. Mas com saudades. Com saudades infinitas. Saudades infinitas. Infinitas. Finitas. Nitas. Ás. ]


Boa noite.

9 comentários:

Anônimo disse...

Tenho que ser a primeira a comentar!
A primeira a dizer que esse texto é muito, muito, muito lindo. Acho que o melhor que já escreveu!
Sem palavras, meu bem.
"ponto final. sem aplausos."
Você não quer os aplausos, mas não posso deixar de te aplaudir.
Meus parabéns, quando disse que estava cada dia melhor, estava cheia de razão.
Um dia eu aprendo a colocar tudo pra fora, como você faz tão bem.
Beijos ;*****
Boa noite, amore.
/Isadora

Aline Romero disse...

...
Acho que não sei o que comentar, Nobre querido.
Textos escritos as 3 da madrugada são sempre um tanto quanto pessoais, um tanto quanto complexos. Um tanto qaunto dificeis de resumir.
Solte quantos suspiros precisar.
Escreva tudo o que te vier a cabeça, ouça e analize tudo o que esse "você" te diz.
E, quando estiver pronto, receba os aplausos que estarei pronta pra te oferecer quando quiser.
Um abraço forte, de uma simples camponesa que se admira de ler algo tão Nobre.

Critical Watcher disse...

É impossível que não pensemos que foi unicamente direcionado a nós. Parecia um desabafo, um amor interrompido, um descaso qualquer. Mas foi tomando ar e ganhando forças até que no fim "quase" tudo é fictício. Eis o segredo do poeta. Eis o segredo do bom escritor. Ele cria pra si personagens que parecem reais e, daí a saudade. Muito bom mesmo!

Anônimo disse...

Não foi para você, nem para eu, foi para essa pessoa, escrever alivia magoas...

@candido_dan disse...

pois é seu zé...

belle écrite...L'amour, toujours une source inépuisable d'inspiration!

Hasta la vista!

;)

Anônimo disse...

O tempo, um remédio ou um vírus?!
É sempre desse jeito(?), no final o que resta é o tempo, passado presente, e um "vocÊ"

'sem aplausos'


Bejs

o Cronista disse...

too no msm drama rsrrs
q seja um tempo "com vc"

Aline Romero disse...

...E esse nobre que não volta, hein?

R Lima disse...

Se "você" leu.. só você saberá e sim.. tudo isto valerá a pena.

Abçs meu nobre e,


Venha ler AMANHÃ, dia 12, um texto em comemoração a data.. lá no AveSSo.


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O AveSSo dA ViDa - um blog onde os relatos são fictícios e, por vezes, bem reais...