terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Eu


Sou bonito, sou feio, não lhe agrado.
Sou chato, sou briguento, não me toleras.
Sou pouco inteligente, escritor, falo coisas sem pensar.
Sou puto com tudo isso aqui, sou uma patacoada.

Sou eu, sou teu, e às vezes prefiro não ser.
Sou ao contrário, sou alarmante, não precisas.
Sou coitado, não sou, fico feito um CÃO com dor.
Sou fresco, sou puta, não te devo.

És a burrice e eu o desprazer.
Sou a calma, sou a totalidade, errada pra você.
Sou o que não quero ser. Sou o que vejo em você.
Sou o que sinto em te ler.

Sou a mentira, sou o enfadonho do endocarpo.
Sou a verdade que nunca quer ser dita.
Sou uma vergonha, sou um tugúrio.
Sou o errado. Tenho vergonha de o dizer...

Sou o que caminha horas e horas por ai.
Sou o indeciso. Sou o amor, a dor, a tristeza, a merda!
Sou estranho, campanudo, seco, calado diante de você.
Sou tímido, sou fino, sou um hino, que ainda vais conhecer.

Sou o adulto aborrecente. Sou com-vi-n-cente.
Sou libidinoso, talvez.
Sou sexy, sou alcoólatra, sou dançarino em Saturno.
Sou o que tem medo de te falar. O que tem medo de chegar.
Não mais o desprazer. Eu sou a pérola da família.
Sou louco, imbecil, sou uma negação, talvez.
Sou beduíno, digo-me que sou capaz. Não ligue.
Sou uma contra-adição. Sou tudo de bom, de ruim.

Sou personagem deste universo rútilo.
Sou o que você não quer ouvir. Sou amigo, salve.
Sou forte, mas não tenho corpo suficiente pra sustentar-te.
Sou indescritível. Vivo fantasiando as coisas.

Não vivo na realidade. Tapo os meus olhos para não
Viver isso aqui.
Sou ESCRANIFADO, e daí?
Sou um mamífero. Parente de extraterrestres.

Vivo a sonhar, sou daqui e sou de lá.
Sou de cá, e parece que estou pra ficar.
Então, sou um saco. Sou infantil.
Sou anti-séptico. Sou...

Sou a pessoa que gostaria de ouvir uma palavra.
Sou o que briga pela simples palavra.
Sou o que sente falta em te ver.
Sou o que precisa te tocar.
Sou sensual, e também, não sensual.

Sou o vazio, sou, mais uma vez, a totalidade.
Sou uma perdição, um furacão, não é isso não.
É difícil de explicar o que quero ser.
Sou um doce que destrói seu organismo.
Sou Michel Jackson, o que não come criancinhas.

Sou polênica. Sou o enjoado. Sou o que você não gosta.
Sou escandaloso, frio, alegre, o que não se entende.
Sou os fios que ligam o êmbolo até outros vasos.
Agora tenho a compunção.

Sou este. Que tanto escreve, que ainda não se liberta,
Que está esperando ouvir o que deseja,
Que ouve aquela música e lembra daquilo,
Que olha nos seus olhos e vê outras, e outras estrelas.
Sou um enigma. Sou um paradoxo. Sou um epígono.
Sou o Nobre Epígono!
Pronto!

16 comentários:

Urso Polar disse...

e isso tudo cantarolando fervorosamente... dando "saltitos" e segurando nas portas e janelas da casa... olhando no espelho... pela privada... pelo quintal...

xD

Anônimo disse...

Você é um lindão,gatão e um amorzão
Deve ser por isso que eu te adoro de montão!

xDD


Você é tudo,viu?
TUDO de BOM.


=*******

Critical Watcher disse...

Segurei-me na cadeira onde estava...
É incrível como pareci ouvir em alto som você se autodescrevendo. Cada palavra, cada denúncia, cada sentido.

ECO!

Senti isso também...
E estou a sentir ainda.
Sabe quando algo ou alguém atormenta nossos ouvidos com palavras incansáveis e de fervor?

Só não senti-me atormentado, mas a sensação é linear.

Acho que só faltou dizer que você é "excepcional, valente e brilhante"...


Parabéns sinceros.
Você está cada vez melhor!

Anônimo disse...

"Sou o que sou, e o que há!
Sou aquele que te vendes em dias nublados
Sou o que devo ser ou o que deveria, sou o que não se sabe, sou aquilo que deconhces!"


ser ou não ser eis a questão!?

beijos, posso te linkr?

Anônimo disse...

ai que liiindo seu texto, amigo :D

adorei, muito

e o mais engraçado de tudo foi o: "VOMITADO POR NOBRE EPÍGONO"

hahaha
adoreeei

;*

Filipe Garcia disse...

Prazer, Nobre Epígono! Não fez questão de esconder nada, muito NOBRE sua atitude de desnudar-se diante de nós. Muito bom esse jogo de contradições... somos assim mesmo, né? Um verdadeiro paradoxo...

Muito bom seu texto
Grande abraço, meu caro.

leila saads disse...

Uma confusão apaixonada...
Gostei do blog, não é fácil achar poesia nesse mundo dos blogueiros "anônimos". Parabéns!=]

Anônimo disse...

Podes ser o que quiseres, desde que sejas.

Beijos.

Anônimo disse...

uau!! acho que nunca li uma auto-descrição tão sincera como a sua.. não suavizou, não se exortou... apenas falou

palmas p vc!!

@candido_dan disse...

Hummm...

quanta poesia...quanta "gente" neste "eu"...é assim mesmo...

feliz fico eu por ler tanta inspiração!!!

Sem mais delongas, meus parabéns-ein eins!!

:p

Anônimo disse...

[doce deletério] ;~~

Com a mesma sinceridade que tu te descreve eu envio meus parabéns xDDDDD
Meu bem, você está se superando !!!

"Não,
meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito."
Carlos Drummond de Andrade

Palavras de Drummond, que também são suas, nobre poeta. (será, morena?)

Espero ansiosa o novo post ;)
Quero conhecer Isadora, Davi e Flor :XXX
;*******
/ Isa

Renato Ziggy disse...

Uai, então prazer em conhê-lo, Grande Nobre! Incrível como o ser humano consegue ser multifacetado! É bem por aí mesmo, mano. Valeu pela visita. Inté!

Anônimo disse...

e escreves muito bem ;)

Elida Fernandes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Elida Fernandes disse...

Caríssimo,
Como é incrível o dom de escrever...

Sem querer ou quase sem querer, o elo leitor-escritor-leitor se faz, não sei ainda se na hora da escrita ou, quem sabe, na hora da leitura e nos remete a pergunta: Escritor eu ou leitor de mim mesmo nas palavras de outro?!?!?

Barra! Você é Barra!!!
E o melhor... És único amigo!

Parabéns!!!

Unknown disse...

Que bacana! Ainda bem que não sou o único a pensar ser tantos!
rs
MUito bom seu texto, caro nobre.
Desfecho impecável.
Abração