quinta-feira, 12 de julho de 2007

16ª carta e declarações de um conto

Parachutesópolis, xx de Julho de 1987

Voltei para dizer-te que a paixão pela mulher de cabelos vermelhos, pelo garotinho, por você e pela sua amada acaba de entrar em erupção. Como tens estado nesses dois últimos dias? Eu sei que não deu problema nos correios. Simplesmente você não perdeu seus minutos para escrever algo para mim. Acredito no acreditar. Se por acaso - tudo bem que não exista isso - resolver me contar o que está acontecendo, mesmo sendo algo terrível, vou compreender. Afinal, estamos ligados profundamente, amiguinho imaginário. Acabo de delirar nos pensamentos... Vivo esperando dias melhores. Não canso de esperar por esses dias preenchidos de bolinhas coloridas, luzes pequeninas, presentes de um pai-falso, ainda que esse seja, ou represente algo positivo. Mas é apenas um símbolo pueril, diga-se de passagem.

Uma noite viajada para o mundo das fadas. Aquele mundo que havia falado numa outra e carinhosa carta. Hoje cedo, assim que chegava perto do meu trabalho, vi o menininho de longe. Ele brincava com outro carrinho. Isso mesmo! Era um carrinho de cor vermelha, e pneus pretos. O vermelho lembrava àquela mulher que há duas semanas atrás mexeu com meu coração. Eis que ela saiu de uma casa próxima, com uma cesta envolta do braço esquerdo, e pelo visto, tinha muita, mas muita coisa ali dentro! Imaginação, Nobre epígono. Imaginação. Tudo não passava de uma "mera coincidência" nos encontrarmos ali. Desde que eu comecei a trabalhar naquela empresa nunca tinha passado na rua "iluminada", amiguinho. E pensei olhando para a mulher avermelhada: "será que isso sempre existiu?". A verdade é que nunca existiu. Sabendo que a rua era fantasia da minha cabeça, logo a mulher e o garotinho também eram!

Resolvi voltar por onde passei. Flores, árvores, passarinhos estavam mais vivos naquela manhã. Naquela outra rua encontrei uma loja de antiguidades aberta. Entrei para comprar um relógio. Só que não o comprei. Vi um quadro belíssimo, tão belíssimo quanto o conto de fadas que eu estava vivendo! Porque aquele quadro era real. Puramente real. Passaram-se vinte minutos e eu olhando, babando, amando... Até que o vendedor, um senhor barbudo, gordo e simpático questionou-me: - Opa, filho. Belo quadro, não? - Meu sorriso respondeu a sua pergunta. Ele riu do meu jeito bobo... E em seguida falou: - Minha filha quem fez. Ela é minha dádiva! Já não tem mais tempo para estudar porque vive pintando suas telas. Não precisa se espantar, caro rapaz. Todos estes quadros são dela sim. Venha aqui, por favor... - Ele levou-me para uma sala bem climatizada onde havia milhaaaares de quadros, amiguinho imaginário! - Este que está debaixo do lençol branco foi feito há duas semanas. Na minha opinião, o melhor! - Ao tirar o pano, meus olhos começaram a arder, minhas lágrimas desceram sem parar por causa da visão. Realmente ele era perfeito, amiguinho! Tinha uma mulher de cabelos vermelhos, um garotinho brincando com um carrinho, e um homem tropeçando no garoto. Sim! Sim! Era o meu quadro, lam! Era o nosso quadro! A mulher na qual eu imaginava há pouco tempo que era imaginação, era real! O pai dela contou que ela demorou apenas dois dias fazendo aquilo. O menino? Ah, ele é o filhinho dela. Que loucura, não?

Preciso te falar o resto das coisas, tá? Agora meu tempo tá bem corrido e preciso ir. Eu pelo menos não deixarei de escrever pra ti. Espero o tempo que for preciso para receber sua resposta. Ah! Conta para a sua garotinha o que aconteceu comigo aqui em Parachutesópolis, onde o amor aterrissa e aqui fica! Hahaha, okay. Eu sei que não teve graça!

Um enorme abraço!

p.s.: dont weep... sweet. My sweet love... Sleep... And kiss your love... Always love... Sugar love... Need a sweat love!

6 comentários:

Elza disse...

Olá, que bela descrição!
vc escreve bem, vi aqui em baixo um post da dido, tenho uma amiga blogueira simplesmente apaixonada, tem tudo que for dela, e disponibiliza tbm, então querendo algo te passo o contato.
rsrs

=]

Anônimo disse...

Amoreeeeeeeee!!!

Voc� n�o pode ser jornalista!
Tem que ser ESCRITOR mesmo!
Hahahahaha...

Eu deliiiiiiiro nessas coisas que voc� escreve!!!

Amo!!!

Beijocas

Johnn. disse...

que texto booooooooom!
parabéns!

E aqui, você é como eu, escreve cartas que não manda?

Anônimo disse...

Não, a pessoa pra quem ele manda as recebe... sim senhor, sempre recebe.

^^^
béééijo

Rayzim disse...

ta massa!
belo blogger! ;]~~

Anônimo disse...

Parabéns, texto muito bom.

o blog em geral está ótimo também