quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Elas

Eu estava cansado daquele dia trabalhado. Desci no shopping para pegar outro ônibus para o curso de inglês. Os olhos cansavam, a paciência quase acabara, a vontade de tomar um banho era enorme. O meu MP3 estava quebrado, logo não poderia ouvir o setlist baixado um dia antes em casa. Sentei na cadeira ao lado da janela daquele transporte urbano. Pessoas subiam apressadas sabe-se lá para quê. Universitários com seus livros e cadernos. Trabalhadores com o cansaço e estresse exposto.

Então, parei para ouvir a conversa delas...

- Menina, nem te conto!
- Que foi? [percebo um sorriso e uma leve risada]
- Sabe aquele menino que senta sempre do meu lado?
- Sei. O lourinho?
- É. Mulhé-é, hoje ele veio soltar umas indiretas. Falando dessa minha blusinha. [risos convencidos]
- Eita! E ai?
- Ah, eu fiquei na minha. Só sorri. E nem é a primeira vez.
- Vixe! Dá em cima também, mulhé!
- Ai, sei lá. Acho que não. Mulhé, ele é bonitinho, né? Mas eu num quero ninguém não.
- Aff...
- Falar nisso... Eu fui curiar o Orkut de Ranniel. Tinha um scrap dum doidinho dizendo “Ei, boy! Fim de semana foi role, né não? Ei , galado, tu esqueceu a viola na mala. Se liga, depois nóis ajeita aquele rolo. Falow!”.
- Vish, e ele num tá na faculdade não?
- Mulhé-é, Ranniel só vive badalando. Parece que foi nesse fim de semana pra uma casa de praia.
- É, né? Viola e tal... Deve ter sido lual. E esse outro doidinho?
- É, acho que foi. Mulhé, é Felipe. Depois eu mando o profile dele.
- Uhum. Menina, tu gosta ainda de Ranniel, né?
- Mulhéééé, eu amo aquele troço. [que adjetivo mais belo para quem ama outro, eu penso]
- Troço, é? [gargalhadas] [até a “amiga” percebeu o adjetivo]
- Última vez que “eu vi ele” foi no São João lá de Caicó. Tava com uma doidinha lá, no maior love.
- Sim, a festa tão falada! [gargalhadas]
- Foiiiiii! Em vês de ir dançar com Aviões do Forró, a gente foi beber lá perto, na casa da mãe de Jussara.
- Tô ligada nessa resenha. [risada safadinha]

Para mim, a conversa encerrou-se. Para mim, era o típico papo delas. Certo do que vivem. Certo do modo como falam. Como tratam-se. Não era uma fofoca
. Perdiam, talvez, o tempo. Ou ganhava-o falando bobagens de suas vidas.

Elas. Algumas delas eu não entendo. Deveria?

7 comentários:

Bê Matos disse...

Nem sempre dá pra entender, fato u_u rs mas nem é tão difícil assim, basta um poquinho de dedicação :)

beijos :*

Bê Matos disse...

Ah, digo o mesmo! mais um leitor no blog, ueba o/ haha volte sempre lá :)

Radialismo? uau, que legal :D espero que você consiga. hehe
Na verdade, eu estou em dúvida. Jornalismo, Comunicação social e Moda são as opções. HAUHAHAUHA ;)

beijos :*

Vanessa Cristina disse...

Não, nunca entenda.
Contente-se sempre com o mistério.


É pra isso que somos diferentes, não?


Beijo
:*

Vanessa Cristina disse...

P.S: tô de férias! hu hu hu!
Agora meu blog vai ter toooodo o tempo que ele merece :D

DBorges disse...

rs

Tenho papos assim com as minhas..
Se tentar entender vai se perder.

Unknown disse...

Quase um dialeto!
kkkkk
Temos nossas adequações ou nos refinamos à sociedade dita culta?
abração

Vanessa Cristina disse...

Ansiosa!



:*