terça-feira, 17 de março de 2009

Carta para um amigo [ I ]

foto: Praia da Caiana/RN (by Nobre Epígono)

Praia da Caiana, 17 de março de 2009
Olá, meu amigo Leonardo.
Trouxe todos os meus lápis coloridos, junto com uma resma de papel reciclado, e várias canetas para descrever tamanho estado emocional em que me encontro. Porém, acho que até mesmo 500 folhas não serão suficientes para o tal ato poético e inimaginável. Seria necessário eu escrever uma trilogia ou, quem sabe, uma tetralogia. A confusão resumi-se em CONFUSÃO. Pode acreditar.
De nada adianta eu armar uma rede na varanda na casa do meu avô. Não adianta eu pôr a vitrola dele ao meu lado e ouvir aquele vinil do Bob Dylan, ou ligar o meu minisystem e pôr um cd do Kings Of Leon, ou Caetano Veloso. Os pensamentos, as lembranças maravilhosas tornam-se sufocantes. As lágrimas vêm no rosto. Descem a procura do recanto, da paz de espírito. Mas que paz é essa que antes sufoca minha alma?
Como se já não bastasse, eu tenho o retrato de nós quatro dentro da minha gaveta. Deixo-o lá porque não quero sentir tristeza ao olhar. Mesmo sabendo dos momentos bons que passamos, não quero lembrar da minha culpa. Prefiro ouvir músicas. O retrato marca ainda mais o rosto de nós quatro. As músicas apenas me tiram de órbita.
Eu estou na beira da praia. Agora peguei um graveto e desenhei algo estranho na areia. Acho que são crianças correndo atrás de uma bola. Passei os pés em cima delas. Pus os braços cruzados nos joelhos e baixei a cabeça. Leo, estou chorando. Juro como não queria que esta carta fosse triste. Juro como queria estar feliz. Levantei a cabeça. Ei! Vou gritar... Está vindo... Eu preciso gritar... Ahh... Prec... Ahh... Precis... Ahhhhhhhhhhhhh! Gritei, Leo. Ainda me sinto preso. Ainda estou a querer a companhia de dois anos. Você sabe bem, não é?
Faz um frio aqui. Ao mesmo tempo um calor. Paradoxo. A praia está tão diferente. Vejo que ela sorri para mim. Lembrei de um fim de semana que viemos os quatro. Enquanto aquelas duas ficavam na areia conversando sobre arte e espaço, nós dois pegamos nossas pranchas e “caímos na água”! Que dias, não?! Sim. Claro que eu lembro da cara delas nos olhando e com inveja das ondas que pegávamos.
Como está sua mãe? Sua avó?
Como eu estou? Ah, estou ainda pra baixo. Não sei o que fazer. Sinceramente, ocupo o meu tempo com livros também. Até mesmo eles, os livros, têm me deixado triste. Sim, sim. Leio uma história sobre a infanta da Espanha que tornar-se-ia rainha da Inglaterra. Ela se chama Catarina de Aragão, a princesa leal. O romance com o filho do rei está transformando esse seu amigo num bobo.
Espera. Vou pegar um papel...

6 comentários:

' Rôh disse...

Homiii tu é d Natal? Se for, somos vizinhos d estado! XD

Linda foto da praia, texto impecável.

Grande abraço!!!

Léo Canário disse...

Perfeito Éon!!!
Também fiquei muito emocionado!!!
Com a história aprendi como é importante o passado, mas também aprendi como é importante o presente, ele não volta 1 hora atrás era presente.
Lembro com muito orgulho os momentos de trabalho, os momentos de desenhos, os momentos de música e chego a conclusão que somos felizes nos pequenos detalhes, a inteligência que nos motiva nas conversas é a mesma que pode dizer:
Obrigado amigo, valeu ter vivido tudo isso com vc!!!

@candido_dan disse...

Parabéns pelo texto...a verdade é que somos e vivemos um reflexo das atitudes que escolhemos tomar.


Abraço!

Anônimo disse...

Esse texto de hj, me transmitiu...
Saudade e mt emoção!
que bom sentir isso hj!...
bjus
apareça!

[ rod ] ® disse...

Cartas e amizades... eis um tempo que não muda.

Abçs meu caro,





Novo Dogma:
nuncA...


dogMas...
dos atos, fatos e mitos...

http://do-gmas.blogspot.com/

Sentimental ♥ disse...

as amizades são a única coisa q se leva dessa vida...
bjs