segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Carta à ilusão

Vivência, 07 de novembro de 1988

Oi, ilusão. Meu nome é Guilhermina, e quero, talvez, fantasiar teu mundo junto ao meu. Alguma coisa pode dar errado nesta carta. Há uma possibilidade de eu parar de escrever numa interrogação. Até agora eu ainda não sei como irei “costurar” esse caminho contraditório no qual me perdi. Sonho a cada instante algo que já não está mais ao meu alcance. Tento me libertar por meio de um suicídio de textos que atravessam a ponta do lápis com o meu papel cor de pele.

Que nada. Eu quis tentar ser a mais carinhosa em todos esses anos. Quis tentar esquecer momentos que vivi embaixo de luzes coloridas. Mas não. Não foi nada disso que me aconteceu. Conheci um homem incrivelmente estúpido, depois do Rubens. Achava que ele tinha surgido na minha vida para dar-me tudo o que eu mais queria se o Rubens estivesse comigo. Sinto pena dessa minha aflição. Sinto nojo dos dias que fiquei com ele...

Foi o fim de um amor “fantasiado” – algumas fantasias são lindas, outras já me dão vontade de vomitar – e o começo de uma nova vida ao lado da Raquel. Hoje estou com exatos 39 anos e a Raquel com 12. Ela sabe o que aconteceu com seu pai. E aprende todos os dias comigo o que eu aprendi em pouco tempo com o Rubens sobre o que é amar.

Está bem. Confesso que você entrou na vida da minha filha semana passada e abalou a coitadinha de forma bruta! Eu sei bem dos seus truques, hein! Ilusão ligada ao amor, que liga à juventude, que às vezes não dá em nada e depois te enche de surpresa.

A Raquel foi vaiada na escola por ter feito uma declaração pro paquera dela. Ele, o menino, é o tipo daqueles rockeiros adolescentes revoltados. E nem se quer deu a mínima para a minha filha.

Agora há muita confusão, muitas questões, muitas opiniões vindo ao mesmo tempo na cabeça da Raquel. Ela está há três dias trancada no quarto, e daqui de baixo ouço o choro repetido da minha princesa. Preciso de ajuda para poder ajudá-la, entende?

Até quando?

Com preocupação,
Guilhermina – a quase quarentona

Um comentário:

Anônimo disse...

Cadê o tosco?

Tu és doido, menino!

Adoro tudo o que escreves...

Beijos da sua Crazy Mary...