domingo, 18 de maio de 2008

Eu posso te alfinetar também

Hoje eu resolvi sentar-me aqui na cadeira, ligar o computador, abrir o documento do Word e escrever com palavras de homem...

Eu tinha percebido que você vestiu-se diferente na última noite. Eu senti que o seu cheiro era outro. Não que fosse melhor, até porque, nenhum perfume tira de você o cheiro natural. Aquele seu vestido você nunca tinha me mostrado. Os anéis então...

Você me intimou a ir àquele restaurante para conversarmos sobre algo misterioso. Eu lembro bem das palavras: “Oi, querido. Túlio, precisamos ter uma conversinha... Algo sobre ‘metamorfose’!” Metamorfose? Quando ouço essa palavra vêm a minha mente borboletas azuis que tinham acabado de se transformar em fadas. Mas Túlio, jardim escola já passou!

O meu dia tinha sido bem agitado. Muitos problemas no trabalho, uma correria tremenda. Achei que não fosse sobrar tempo para ouvir sua voz. E antes que eu pegasse o telefone e ligasse para você, o contrário ocorreu. No restaurante eu estava tão ansioso para saber que ‘metamorfose’ era, que meu coração acelerava. Juro! Minha mãe sempre diz: “não crie muitas expectativas, meu filho.” Mas eu não crio muitas expectativas. Porém, quando se trata de relacionamento, fico com as mãos soando... Coração acelerado.

“Os meus sentimentos por você não estão sendo mais os mesmos, Túlio”. Foi assim que você me surpreendeu. Foi assim que tomei minha última taça de vinho. Senti-me desnorteado naquele minuto. Precisava você ter pego nas minhas mãos e acariciado como se eu fosse o último cachorro do mundo? Precisava me olhar como se eu fosse um moleque que fica triste porque não ganhou um brinquedo, ou um doce dos pais? Francamente! Depois das reuniões que eu tive naquele dia, depois dos empecilhos que houve durante todas elas, os seus gestos foram as piores coisas que aconteceram!

Eu sou um grosso, então? E você é uma sem noção, né? Sim. Eu não tenho mais 15 anos, Camila. Acho que você deveria ao menos ter conversado com mais maturidade. Não precisava ter feito àquelas caras e bocas de mulher chorona. Bem, se eu tivesse te traído, ou se você tivesse saído com o novo chefe do financeiro lá da sua empresa, tudo bem. Mas não foi isso...

Todos os 3 meses que vivemos juntinhos, foram como um casamento. Sim, porque você dormia direto lá em casa. Gostei muito das nossas noites quentes, das noites frias e do seu jeito de fazer carinho em mim. Não tinha encontrado mulher alguma que fizesse o que você fazia comigo. Isso não é tudo, viu? Comporte-se como MULHER da próxima vez que for dar um pé-na-bunda de um outro homem.

Deixo para você aqui no meu blog, este desabafo, que de mais nada irá te servir. Apenas adocicará o meu fervor. Ambigüidade? Ah, até os seus gestos têm...

________________________________


Agradeço a minha leitora Aline Romero, pelas palavras no mundo dela composto de notas noturnas. Ela me presenteou com este selo:
Aline, comentários são apenas OS COMENTÁRIOS. Mas os nossos desabafos nesse mundo de imaginação real e fictícia são mais sábios que eles. Gosto do meu universo assim, sem prédios, sem guerras, malquerenças, sem esquinas, sem complicações. Apenas aquele vasto espaço noturno alimenta a minha sede de brilhar-se em cada ponto de luz nele existente.
Ótimos dias, leitor. E perdão, se eu desapareço daqui por um tempo. É que muitos me chamam noutras galáxias!

7 comentários:

Anônimo disse...

Não só pode alfinetar, como deve! Todos temos o direito de nos expressar desde que essa manifestação não invada o espaço do outro. E você deu a alfinetada mais linda que já vi e li, hehe.

Se cuide, meu bem.

Parece ridículo e talvez seja, mas a vida é mesmo uma caixinha de surpresas.

Unknown disse...

Só pra dizer que ainda visito seu blog,viu? ;)

Beeijo,chuchu.
=*

Rosana disse...

Acho que não cheguei por aqui na melhor ora, mas como vim até aqui não voltarei pra casa assim tão escondidinha.
Bom, me parece tão frio interferir, comentar algo tão intimo de alguém que acabo de conhecer, mas talvez assim seja até mais fácil.
Já passei por situações difíceis assim, com amigos, amores, mas a questão é que a insensibilidade de alguém tão próximo nos afeta muito e nem sempre saberemos lidar com isso.
Fosse comigo, choraria, desabafaria e não olhava mais pra trás. Talvez seja melhor deixar a ferida estancar.
;)

Aline Romero disse...

Uau.
Eis que a nobreza também sabe alfinetar...
E como sabe!
Até eu me senti ofendida por ela. E depois, acabei te dando razão. Ela que cresça, hunf!
Espero que tudo se resolva. Corações, afinal, foram feitos pra cicatrizarem.
Abraço forte!
Line

Chellot disse...

Todos tem o direito de alfinetar quando são alfinetados. O desabafo alivia o tormento que nos vai na alma e tens todo o direito.

Beijos de fadas.

Filipe Garcia disse...

Eita, coitada!! Vomitou tudo? Sensação boa essa de alívio, hein?


Abração

Anônimo disse...

as mulheres tem sempre que fazer suas caras e bocas... lembre-se que caras e bocas, ou simples olhares, valem mais que as tais mil palavras...

;@