Mas não. Eu não sou assim. Eu não fiz assim. Eu calcei os meus chinelos, vesti minha calça jeans, pus uma camisa listrada de manga longa azul com branco, e fui caminhar no calçadão da praia. Não reconhecia aqueles rostos. O brilho das ondas do mar não era mais intenso. Algo estava acabado. Algo tinha estragado aquela perfeição da natureza. Eu tinha forças, não sei de onde, mas as tinha.
Eu precisava, naquela hora, de alguém diferente para me acolher. Para me sentir seguro. Tinha duas amigas. Elas me acolheram. Deram-me carinho, deram-me ouvidos. Deram-me paciência, deram-me palavras. Deram-me seus ombros. Tenho um espírito que não se rebaixa. Ele se entristece, demais até, mas não se rebaixa. É preciso estar de pé e de queixo erguido. Mesmo que nada funcione, é preciso sentir e estar assim. E juro, queria muito não decepcionar você e vocês. Queria mais ainda, não receber calúnias e difamações. Não receber uma espada nas costas, como os antigos cavaleiros cavalheiros recebiam de seus próprios “amigos”.
E continuo a caminhar. Continuo tentando entender o que há em mim. Não me acho “bonzinho”. Não me acho esperto demais. Acho que tenho, eu disse “acho”, uma fidelidade para com você. Ou melhor, para comigo. Esqueça o que disse! Tenho um espírito passivo a certas situações constrangedoras. Ou é bom, ou é ruim.
E continuo a caminhar. Continuo deixando marcas no seu corpo. Continuo perdoando as traições, a falta de respeito, as mentiras persistentes, a falsidade... Bem, perdoando tudo o que um ser humano não deve ter. Não mais deveria me surpreender com essas falhas alheias. Já passei por outras... Piores, ou não. Mas acabo me dando ao luxo de ser surpreendido. Pego de surpresa, como um ratinho é pego numa ratoeira.
Cheguei em casa e tirei meus chinelos. Tirei minha calça jeans, minha camisa listrada. Tirei minha cueca boxe branca. Despi-me. Eu precisava tomar um banho. Precisava esfriar muito mais minha cabeça. Precisava me recompor.
Eu acendi um insenso. Deitei na cama. Chorei por 15 minutos e adormeci.
Estou aqui. Tudo continua na mesma.
Estou sozinho.
Sozinho.
Só.
Declarado por Nobre Epígono (sim, eu mesmo). Em 27 de maio de 2009.